IMIGRAÇÃO JUDAICA NO RIO GRANDE DO SUL
A principal causa das imigrações açoriana, alemã e italiana para o Rio Grande do Sul foi a oportunidade de fugir de uma situação econômica difícil, e de reiniciar a vida em um local onde fosse possível sobreviver com dignidade. Nesse quadro a terra - escassa na Europa - se apresentou como um fator de atração. Aqui havia terra mais do que suficiente para todos. Mas um grupo de imigrantes teve uma outra motivação, além da miséria e falta de terras, para vir para cá. Foram os judeus, que fugiram da discriminação existente em seus países de origem, e buscavam a oportunidade de viver em paz.
A imigração judaica pode ser dividida em duas correntes: uma rural, a outra urbana. A corrente rural foi composta por imigrantes que vieram para se instalar em lotes coloniais. A urbana, posterior, foi formada por aqueles que vieram diretamente para as cidades, em especial para Porto Alegre, principalmente nas décadas de vinte a quarenta deste século, e que tornaram o Bom Fim o bairro judeu por excelência.
A história da imigração rural começou graças à iniciativa de um homem, o Barão Maurício de Hirsch, francês de origem judaica que era banqueiro em Bruxelas. Preocupado com a situação dos judeus russos - que eram altamente discriminados e sujeitos a perseguições periódicas - Hirsch resolveu criar, em 1891, uma organização para a instalação de colônias agrícolas em diversos países, para as quais pudessem emigrar os judeus oprimidos da Europa. Assim, fundou a Jewish Colonization Association (conhecida como JCA ou ICA), que criou colônias agrícolas tanto na Argentina como no Brasil.
Com esse objetivo foi adquirida, em 1903, uma área de 5.767 hectares em Santa Maria, para estabelecer a primeira colônia brasileira. Essa colônia recebeu o nome de Philippson, em homenagem a Franz Philippson, vice-diretor da ICA e presidente da Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Brésil, que atuava no Rio Grande. Ali, a partir de 1904, começaram a chegar os primeiros imigrantes, vindos da Bessarábia - região russa entre os rios Pruth e Dniester, banhada pelo mar Negro. Mais tarde, vieram outros também da Rússia, da Argentina e dos Estados Unidos.
Na nova terra, os imigrantes receberam lotes de 25 a 30 hectares, com uma residência, instrumentos agrícolas, duas juntas de bois, duas vacas, carroça, cavalo e sementes, a um preço de cerca de cinco contos de réis, a serem pagos em prazos de 10 a 15 anos.
Pouco mais tarde, em 1909, a ICA adquiriu a fazenda Quatro Irmãos, de mais de 93 mil hectares, que ficava no então município de Passo Fundo (atualmente em Erechim e Getúlio Vargas). Parte da fazenda foi dividida em lotes de 50 hectares que, em condições semelhantes às de Philippson, foram entregues aos colonos vindos da Argentina, Bessarábia e outras áreas. Com a vinda de novas levas de imigrantes, foram criados outros núcleos de colonização, na região de Quatro Irmãos: Barão Hirsch (1926), Baronesa Clara (1927) e, mais tarde, Rio Padre e Pampa.
No entanto, a enorme maioria dos colonos não permaneceu nesses lugares, mudando-se mais tarde para cidades próximas (Santa Maria, Erechim e Passo Fundo) ou para Porto Alegre. Para isto, contribuíram dois fatores. O primeiro foi a Revolução de 1923. Após o seu término, grupos de revolucionários e de tropas governamentais ficaram vagando pelo estado, ameaçando e assaltando a população. Um desses grupos, em 1925, invadiu a vila de Quatro Irmãos, saqueando casas e agredindo colonos. Um deles chegou a ser assassinado. Esses fatos assustaram os colonos, que decidiram buscar maior segurança nas cidades.
Outro fato, de ordem inteiramente diversa, foi a preocupação que os imigrantes tinham com a educação dos filhos. Como nas colônias só havia ensino primário, tinham que enviar seus filhos para estudar nas cidades. Isto, para muitos, criava um problema: era difícil sustentá-los, tendo que pagar pensões para que morassem, roupas, estudo, etc. Assim, terminaram optando por irem, eles também, morar em cidades.
BIBLIOGRAFIA
http://www.riogrande.com.br/
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