Quando Thomas Cahill escreveu o livro The Gifts of the Jews (As Dádivas dos Judeus), escolheu como subtítulo a expressão: "Como uma tribo de nômades do deserto mudou a maneira de pensar e sentir de todo o mundo. Ele está absolutamente certo, no entender de Philip Yancey, no livro de sua autoria "A Bíblia que Jesus lia".
Assim, diz Philip Yancey: a civilização ocidental está tão solidamente edificada sobre os fundamentos assentados na época do Antigo Testamento, que não teria sentido sem ele. Como Cahill destaca, a crença judaica no monoteísmo nos deu um Grande Todo , um universo unificado que, como produto de um Criador, pode ser manipulado pela ciência. Ironicamente, o nosso mundo tecnológico moderno tem origem naquela tribo de nômades no deserto.
Os judeus também nos deram o que Cahill chama de "consciência do ocidente". Trata-se da crença de que Deus não se manifesta primordialmente por meio de sinais exteriores, mas por "aquela voz calma e suave da consciência". [...] os seres humanos foram criados à Sua imagem e, toda pessoa sobre a face da terra tem a dignidade inerente aos seres humanos. Ao seguirem esse Deus, os judeus deixaram os parâmetros para os grandes movimentos de libertação da história atual e também para as leis de proteção dos fracos, das minorias e dos oprimidos.
De acordo com Cahill, sem os judeus, nunca teríamos conhecido o movimento abolicionista, o movimento da reforma do sistema penitenciário, o movimento pacifista, o movimento dos direitos humanos, os movimentos pelos povos indígenas e destituídos de seus direitos humanos, o movimento antiapartheid na África do Sul, o movimento Solidariedade na Polônia, os movimentos de liberdade de expressão e pró democráticos em países orientais como Coreia do Sul, Filipinas e mesmo China.
São tantos os conceitos e palavras usadas hoje - novo, individual, pessoa, história, tempo, fé, peregrinação, revolução - originários do Antigo Testamento, que nem conseguimos imaginar o mundo atual e o nosso lugar nele sem nos basearmos na herança judaica.
É absolutamente correta a ideia de que não podemos entender o Novo Testamentosem o Antigo. A prova é simples: tente entender a epístola aos Hebreus, Judas ou Apocalipse sem consultar alusões ou conceitos do Antigo Testamento. É impossível fazer isso. É até possível ler os Evangelhos como simples livros, mas o leitor não-familiarizado com o Antigo Testamento perderá muito da riqueza que existe neles. As epístolas e os evangelhos, juntos, lançam luz sobre o Antigo Testamento.
O Antigo Testamento era a Bíblia que Jesus lia. O Senhor achou no Antigo Testamento cada fata importante sobre si mesmo e sua missão. Citava suas páginas para resolver controvérsias com os oponentes, como os fariseus, saduceus e o próprio satanás. As figuras - cordeiro de Deus, pastor, sinal de Jonas, a pedra que os construtores rejeitaram - que Jesus usou para definir a si mesmo vinham diretamente das páginas do Antigo Testamento.
BIBLIOGRAFIA
199, de Philip D. Yancey
"The Bible Jesus read".
Editora Vida
Tradução Valdemar Kroker